A Música do Século XXI

Bom dia pessoal.
Finalmente um post sobre o que diz o título “A Música do Século XXI”.

Estive aqui pensando… como falar da música do Século XXI se “acabamos” de entrar neste século?  Bem, se falarmos sobre o  Brasil, creio que vamos acabar falando apenas da música popular que é o contato direto que a população em geral tem com a música, acredito que, pelo menos no Brasil, nem mesmo a música folclórica vem resistindo ao ataque comercial avassalador da música popular que vem praticamente impondo a maneira como a população enxerga a música. A mídia “cria” o artista e com a propaganda “cultiva” o publico alvo. Muitas vezes a música que resulta disso não é levada em conta muito além do estilo que ela representa, justamente e apenas para saber a qual publico direcionar independente de uma qualidade musical verificada.
Essa crítica acima, além de ser algo que está totalmente visível à qualquer pessoa que queira perceber, tem em favor, opinião de um músico que conheci recentemente que vem de uma experiência de decadas trabalhando no alto escalão da música popular brasileira, e quando falo em música popular brasileira não me refiro à respeitada e erudita MPB  que ainda possui seus representantes (mas da qual tenho minhas críticas pessoais também), mas sim a Música que está na boca do Povo Brasileiro neste século.
Falando da música erudita do século XXI temos alguns elementos do século anterior, porém com uma mente mais aberta à outros estilos. Neste século esse estilo de música já vem apresentando sinais de poliestilismo (mistura de estilos) e ecletismo de abrangência nunca antes vistos nas salas de concerto não so no Brasil, mas pelo mundo.
Estilos como o Rock e o Pop e instrumentos típicos destes estilos são incorporados nas composições, não são mais tratados à parte, mas sim trabalham em conjunto com a música erudita.
Concerto para Guitarra e Orquestra de Paulo Tiné (2008) (A guitarra entra aos 2:12):


Concerto Suite em Ebm para Guitarra de Yngwie Malmsteen (1998) (trecho interessante, a partir de aproximadamente 1:15:00 , mas, com tempo, vale a pena assistir por completo):

 

Algo que também é notável é a aumento repentino da utilização da tecnologia para se fazer música e manipular sua forma de existir. Vemos isso desde os softwares de edição musical cada vez mais sofisticados que além de facilitar o trabalho da escrita musical, nos permite cada vez mais manipular o som nos seus mínimos detalhes. A Evolução tecnológica dos sintetizadores também é de suma importância quando falamos sobre a manipulação dos aspectos do som. Hoje um compositor pode facilmente compor uma música “tocando notas” dentro de cents entre frequências mínimas.
Esse tipo de manipulação já era possível a partir do século XX  porém, neste nosso século, ou seja na última década, ficou muito mais acessível e muito mais aprimorada: hoje em dia por exemplo, qualquer pessoa que tenha um computador em casa, pode ter um software de edição musical, e os sintetizadores atualmente estão a preços muito mais acessíveis do que na época vanguardista, onde muitas vezes o músico tinha até mesmo que ter um conhecimento  razoável em eletrônica para a manipulação do som.
Uma área na qual a música atual se destaca com grande representatividade é no cinema, onde grandes compositores participam de trilhas sonoras. Os mais atentos, podem ver que as trilhas atuais utilizam muitos elementos da música do século XX muitas vezes rejeitados pelo público geral e até mesmo pelo publico frequente às salas de concerto como música. A trilha sonora do ultimo filme de terror, vai utilizar-se impiedosamente do atonalismo, das dissonâncias e mesmo das experiências sonoras da vanguarda causando sensações psicológicas e físicas próprias da música, mas que muitas vezes as pessoas associam apenas às imagens do telão. Cito isso dentre vários outros exemplos, (filmes de aventura e fantasia são outros bons exemplos da música contemporânea), é só começar a abrir os ouvidos às trilhas sonoras.
Música utilizada como trilha sonora durante o filme “O Exorcismo de Emily Rose” (2005):


No cinema ou fora dele movimentos que vêm tomando força são retornos da música de eras pré existentes. Fala-se hoje em termos como classicismo e romantismo pós moderno, estes, seguindo a sonoridade das épocas anteriores, porém se desprendendo das regras impostas do passado e se misturando pegando elementos modernos e contemporâneos, um compositor que pode representar essa nova geração é o polonês Krzysztof Penderecki(1933-):


Concerto para Piano (Krzysztof Penderecki 2001-2002):


Uma das últimas composições de György Ligeti (1923-2006)
Síppal, dobbal, nádihegedűvel: Weöres Sándor verseire (2000):


*Apesar de algumas composições de exemplo serem do ano de 2000, creio ser coerente dizendo que a mente musical não se transforma de uma hora para outra ou seja, poderia ser claramente uma musicalidade com o “pé” no século XXI,  eu diria isso, até mesmo de obras do último quinquênio precedente ao nosso século.
Editado (20/set): este texto é uma visão (como diz o subtítulo do site) pessoal e dentro dos meu conhecimentos. Acredito que uma visão mais completa sobre isto, e que compartilha do mesmo pensamento que o meu, pode ser lido neste texto de Tarso Ramos da ScoreTrack.net

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